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Introdução ao filme "O Império dos Sentidos", do diretor japonês Nagisa Oshima.

感官世界

Sentidos(Título original: 爱のコリーダ, Ai no Korida, tradução para o inglês: No Reino dos Sentidos) é um filme dirigido por um diretor japonês.Nagisa OshimaDirigido por Nagisa Oshima, este filme clássico foi lançado em 1976. Com seu tema ousado, abordagem não convencional e profunda exploração do desejo humano e das emoções extremas, provocou considerável controvérsia e debate na indústria cinematográfica internacional. Adaptado da história real do "Incidente de Abe Sada" de 1936 no Japão, o filme narra uma história de amor apaixonada, destrutiva e trágica. A seguir, apresentaremos o filme, abordando seu contexto, enredo, temas, características artísticas e impacto.

eletricidadeBaixar filme

diretorNagisa Oshima
ProdutorAnatoly Doman
Koji Wakamatsu
roteiristaNagisa Oshima
ator principalEiko Matsuda
Fujitsuya
MúsicaMinoru Miki
fotografiaHideo Ito
EdiçãoKeiichi Uraoka
Comprimento108 minutos
OrigemJapão
França
linguagemjaponês
日本導演大島渚電影 《感官世界》介紹
Introdução ao filme "O Império dos Sentidos", do diretor japonês Nagisa Oshima.

Fundo de filme

*O Império dos Sentidos* é uma adaptação da sensacional história real do "Incidente de Abe Sada", ocorrido durante a era Showa no Japão. Em 1936, uma mulher chamada Abe Sada, em Tóquio, levada à loucura por seu amante Yoshida Kichizo, acabou assassinando-o em um acesso de extrema luxúria e mutilando seus genitais, chocando a sociedade. Este incidente não só se tornou um ponto central da sociedade da época, como também, devido aos seus temas de sexo, violência e os limites da humanidade, serviu de material para literatura, cinema e estudos culturais posteriores. Nagisa Oshima usou este incidente como ponto de partida, transformando-o em um filme que é ao mesmo tempo artístico e controverso.

O filme estreou no Festival de Cannes em 1976, provocando imediatamente uma forte controvérsia devido às suas cenas de sexo explícitas e violência. No Japão, o filme foi rigorosamente censurado por violar as leis de obscenidade então vigentes e chegou a ser proibido. Nagisa Oshima travou, então, uma longa batalha judicial com as autoridades japonesas, tornando *O Império dos Sentidos* um estudo de caso clássico sobre liberdade artística e censura. A distribuição internacional do filme enfrentou diferentes graus de edição e restrições em diversos países, mas seu valor artístico e profundidade intelectual permanecem amplamente reconhecidos.

日本導演大島渚電影 《感官世界》介紹
Introdução ao filme "O Império dos Sentidos", do diretor japonês Nagisa Oshima.
日本導演大島渚電影 《感官世界》介紹
Introdução ao filme "O Império dos Sentidos", do diretor japonês Nagisa Oshima.

Sinopse do enredo

Ambientado na Tóquio dos anos 1930, *O Império dos Sentidos* centra-se no envolvimento amoroso e lascivo entre a protagonista, Abe Sada (Eiko Matsuda), e o marido, Yoshida Kichizo (Tatsuya Fuji). Abe Sada, originalmente uma prostituta, torna-se garçonete em um pequeno bar, onde conhece o marido da dona do estabelecimento, Yoshida Kichizo. Os dois rapidamente se envolvem em um relacionamento físico apaixonado, com uma luxúria transbordante e incontrolável. O relacionamento evolui gradualmente da paixão inicial para uma obsessão mórbida; em busca do prazer supremo, eles começam a se envolver em atos sexuais cada vez mais extremos, desafiando até mesmo as normas morais e sociais.

À medida que o relacionamento se aprofundava, a possessividade de Abe Sada em relação a Kichizo se intensificava. Ela não tolerava o contato dele com outras mulheres e até sentia ciúmes da esposa dele. Os dois finalmente decidiram fugir juntos, escondendo-se em um pequeno hotel e entregando-se a relações sexuais intermináveis e à exploração sensual. No entanto, esse amor extremo acabou levando à destruição: Abe Sada estrangulou Kichizo durante um encontro sexual e cortou seus genitais, numa tentativa de "possuí-lo" para sempre. O filme termina com uma cena após a prisão de Abe Sada, deixando o público com uma profunda reflexão sobre essa trágica história de amor.

日本導演大島渚電影 《感官世界》介紹
Introdução ao filme "O Império dos Sentidos", do diretor japonês Nagisa Oshima.

Tema e significado

*O Império dos Sentidos* não é apenas um filme sobre desejo, mas também uma obra filosófica que explora a humanidade, a liberdade e os limites sociais. Através da história de Abe Sada e Kichizo, Nagisa Oshima revela as contradições e as tendências extremas da humanidade diante do desejo. Os temas centrais do filme incluem:

  1. Desejo e DestruiçãoO amor entre Abe Sada e Kichizo começa com atração física, mas acaba levando à autodestruição de ambos devido a desejos incontroláveis. Através de suas ações, o filme explora como o desejo pode se tornar uma força destrutiva quando a razão se perde.
  2. Liberdade e TabuNagisa Oshima desafiou as normas sociais e a censura de sua época com representações sexuais explícitas, buscando explorar como os indivíduos buscam a liberdade diante da opressão social. As ações dos dois protagonistas do filme representam tanto uma rebelião contra a moralidade tradicional quanto uma libertação definitiva do desejo pessoal.
  3. Gênero e PoderAbe Sada demonstra gradualmente um desejo de controlar Kichizo em seu relacionamento, subvertendo os papéis de gênero tradicionais. Suas ações são tanto uma demonstração de amor quanto uma busca por poder, refletindo a complexa dinâmica das relações de gênero.
  4. Estética e MorteO filme entrelaça de forma intrincada luxúria e morte, apresentando uma estética desoladora. Embora as ações de Abe Sada sejam extremas, elas possuem uma qualidade poética e trágica, deixando o espectador chocado e comovido.
日本導演大島渚電影 《感官世界》介紹
Introdução ao filme "O Império dos Sentidos", do diretor japonês Nagisa Oshima.

Características artísticas

O estilo artístico de *O Império dos Sentidos* é típico das obras de Nagisa Oshima, mesclando a estética tradicional japonesa com a linguagem cinematográfica moderna. A seguir, suas principais características artísticas:

  1. Estilo visualO filme emprega inúmeras cenas em ambientes internos, criando uma atmosfera claustrofóbica e opressiva. O diretor de fotografia Itsuo Yoshioka utiliza iluminação suave e cores intensas para realçar o impacto sensual das cenas eróticas, ao mesmo tempo que as imbuí de uma certa estética clássica.
  2. Música e efeitos sonorosA trilha sonora do filme, composta pelo compositor japonês Minoru Miki, mescla elementos musicais tradicionais japoneses com estilos modernos, criando uma atmosfera ao mesmo tempo romântica e misteriosa. Os efeitos sonoros também são empregados de forma inteligente; por exemplo, a sobreposição de sons de respiração com ruídos ambientes aprimora a experiência imersiva do filme.
  3. Técnicas de atuação e direçãoAs atuações de Matsuda Hideko e Fuji Tatsuya foram extremamente impactantes, capturando com perfeição a loucura e a vulnerabilidade dos personagens. O estilo de direção de Oshima Nagisa foi ousado e preciso, utilizando planos longos e closes para registrar os conflitos internos dos personagens e a explosão de seus desejos.
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Introdução ao filme "O Império dos Sentidos", do diretor japonês Nagisa Oshima.

Impacto e controvérsia

Desde o seu lançamento, *O Império dos Sentidos* permanece um dos filmes mais controversos da história do cinema. Suas representações sexuais explícitas e cenas violentas desafiaram os limites morais da época, provocando debates acalorados sobre arte, pornografia e censura. No Japão, a proibição do filme e as batalhas judiciais de Nagisa Oshima o transformaram em um símbolo da liberdade artística. Internacionalmente, é considerado uma das obras representativas da Nova Onda do cinema japonês, influenciando profundamente cineastas posteriores.

Além disso, *O Império dos Sentidos* inspirou inúmeras discussões sobre sexo, amor e os limites da humanidade. Não se trata apenas de um filme, mas de um fenômeno cultural que influenciou a literatura, o teatro e as artes visuais. Ainda hoje, o filme permanece um texto importante nos estudos cinematográficos e de gênero, com acadêmicos interpretando suas implicações filosóficas e críticas sociais sob diversas perspectivas.

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Introdução ao filme "O Império dos Sentidos", do diretor japonês Nagisa Oshima.

Conclusão

O Império dos Sentidos é um filme à frente de seu tempo, desafiando a compreensão do público sobre o amor, o desejo e a humanidade com seu estilo ousado e profundas reflexões filosóficas. Através desta obra, Nagisa Oshima revela a loucura e a fragilidade da humanidade na busca por emoções supremas, ao mesmo tempo que levanta questões profundas sobre o conflito entre normas sociais e liberdade individual. Embora a natureza controversa do filme o torne inadequado para todos os públicos, seu status como um clássico do cinema de arte é inegável. Para os espectadores dispostos a mergulhar nas complexidades da natureza humana, O Império dos Sentidos é uma obra-prima que merece ser vista repetidas vezes e contemplada.

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Introdução ao filme "O Império dos Sentidos", do diretor japonês Nagisa Oshima.

Conteúdo do filme

Após a guerra, ela foi libertada da prisão e encontrou um emprego em Inaricho, no coração de Tóquio: no bar Hoshikikusui.

Todas as noites, os trabalhadores das redondezas — por ser um "bar da classe trabalhadora" — se reuniam ali para beber saquê e shochu, e saborear lulas grelhadas e rabanetes em conserva. Por volta das dez horas da noite, Abe Sada aparecia.

A cena era grandiosa. Ela desceu as escadas — as próprias escadas eram imensas, terminando bem no meio dos clientes. Abe Sada sempre usava um quimono de cores vibrantes, um quimono que lembrava o cenário de seu crime — início da era Showa, 1936. Ela aparecia no topo da escada, parava, observava a multidão lá embaixo e então descia lentamente. De onde ela veio?

Ninguém sabia. Alguns diziam que seu esconderijo ficava no segundo andar, repleto de fotos antigas e abarrotado de móveis. Outros diziam que a escada não levava a lugar nenhum e que ela tinha que subir pelos fundos para aparecer em público. De qualquer forma, a descida foi bastante dramática; ela parou várias vezes, observando os convidados lá embaixo, seus olhos percorrendo cada um deles. Enquanto descia lentamente, a indignação era evidente em seu rosto. Essa indignação...

感官世界
Sentidos

Era sempre óbvio. Fazia parte da performance, parte da cerimônia de entrada. Superficialmente, era fruto da raiva pelas ações dos homens lá embaixo. Sem exceção, todos estavam com as mãos nos genitais. Dedos cerrados, depois se viravam, rindo baixinho. Lá em cima, Abe, descendo as escadas, assumia uma expressão furiosa, seu olhar ardente percorrendo os que estavam lá embaixo, com as mãos cerradas e as risadas ainda mais altas. Ela batia com fúria no corrimão, sua risada ecoando pelo ar.

A causa dessa pantomima foi o crime de Abe Sada. Vinte anos atrás, ela cortou o pênis do seu amante. Claro, isso aconteceu depois da morte dele. Ele morreu porque os dois descobriram que, se ela o estrangulasse com força, seu pênis exaurido poderia renascer. Mas um dia, ela o estrangulou com tanta força que o matou.

Vinte anos depois, quando seus clientes mencionam essas coisas, eles escondem seus pênis e riem baixinho. E ela, fingindo raiva, admite tê-las feito.

No pé da escada, ela parava e examinava o cômodo com seu olhar ardente. Ali, naquele lugar cada vez mais silencioso, ela ficava parada, encarando com fúria.

As risadas cessaram. Alguns dos homens se encolheram, como se estivessem genuinamente aterrorizados. Talvez estivessem mesmo aterrorizados, porque aquela mulher já era uma figura lendária. Ela era uma assassina. Tinha cumprido pena. Tinha escrito um livro sobre seus crimes. Eles poderiam pensar que ela seria capaz de cometer o mesmo crime novamente.

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Introdução ao filme "O Império dos Sentidos", do diretor japonês Nagisa Oshima.

Ela ficou ali parada como um basilisco. A última risada se dissipou. Silêncio. Só então, como se recebesse o tão almejado respeito, Abedin sorriu. Era um sorriso caloroso e amigável enquanto servia bebidas e dava tapinhas nas costas dos outros, com o rosto radiante.

Como muitas garçonetes de bar, ela se tornou como um homem, como um grupo de garotos. No entanto, ao contrário de muitas, ela realmente estrangulou um homem e depois cortou seu pênis. Abe deu um tapinha nas suas costas, um arrepio percorrendo sua espinha.

Olá, de volta? Gostam daqui? Ela perguntou, olhando para mim, e acrescentou: "Aqui é tudo ótimo, pessoal. Agora vamos tomar um drinque juntos."

Então ela caminhou até outra mesa, lançando olhares para trás de vez em quando. Seu olhar estava cheio de interesse. Ela parecia estar pensando em algo, talvez se perguntando se eu também conhecia sua história.

Eu sei, e estou curiosa para saber como ela e sua história mudaram. Matar impulsivamente o próprio amor, ou entrar em pânico e salvar a pessoa amada como se fosse uma criança durante um desastre, é uma coisa. Mas conspirar com outros, se apresentar como uma terrorista vulgar e depois virar motivo de chacota, é outra completamente diferente.

Ela de fato havia magoado o homem a princípio, mas agora parecia estar lhe causando dano duplo. Ela também estava se prejudicando, transformando algo tão importante para ela, algo que havia moldado sua vida, em uma piada. Eu a sentia completamente traiçoeira. Risadas irromperam novamente. Vários dos mais ousados gritaram que estavam com muito medo de ir ao banheiro. Outros berraram que ela deveria esconder a faca quando estivesse por perto. Ela sorriu, deu um tapinha em si mesma e caminhou em seu quimono listrado da era Showa como uma professora entre alunos travessos.

Contudo, de vez em quando, seu sorriso radiante desaparecia. Ela parecia estar pensando. Ficava ali parada, com uma garrafa de saquê na mão, distraída. O que estaria pensando? Oh, o que estaria pensando? Pensei comigo mesmo: estou meio bêbado agora. Ela poderia ser aquela noite de vinte anos atrás, ou poderia ser aquela conta atrasada.

Seja lá o que fosse, ela rapidamente recuperou a compostura, sorrindo enquanto circulava entre as mesas. No entanto, isso foi apenas temporário. Suas visitas noturnas nunca duravam muito. Uma hora depois, ela desapareceu. Ninguém a viu voltar para o andar de cima, e ninguém entre a multidão bêbada lá embaixo sentiu sua falta.

Talvez ela não suportasse mais a tragédia em que sua vida havia se transformado. Talvez ela tenha subido para pagar a conta.

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Introdução ao filme "O Império dos Sentidos", do diretor japonês Nagisa Oshima.

Eiko Matsuda

"Ah, não, na verdade eu prefiro a Europa", disse ela, virando-se para observar o sol se pôr atrás da Basílica de São Pedro no calor escuro do verão.

Não preciso adivinhar o motivo. Muitos japoneses encontram a liberdade no exterior, mas poucos têm uma razão como a dela.

Que interessante! Claro, eu também tenho amigos aqui.

Ela era originalmente atriz da Companhia de Teatro Terayama Shuji, mas foi posteriormente descoberta por Nagisa Oshima e estrelou "O Império dos Sentidos", interpretando a cena em que Abe Sada estrangula Fuji Tatsuya e corta seu pênis. Embora essa cena, juntamente com muitas outras, não tenha sido exibida quando o filme foi lançado no Japão, ainda havia material suficiente para gerar críticas de jornais e revistas.

Isso é ultrajante. Não é assim que uma atriz de verdade deveria se comportar. E — talvez a principal razão para as críticas — ela parece ter atuado exclusivamente para estrangeiros, já que apenas estrangeiros tiveram permissão para assistir à apresentação completa. No entanto, esta é uma história puramente japonesa. Seja o que for que ela tenha feito, diz respeito ao nosso próprio povo. Então, por que essa suposta atriz de gosto duvidoso exporia nossa vergonha no exterior? Por que ela faria isso? Essa é a questão. Esse homem nunca foi criticado. Ele, Tatsuya Fuji, era um ator iniciante na época, e este filme impulsionou muito sua carreira. Graças a este filme, ele se tornou uma estrela, apareceu em comerciais de cigarro e nunca mais precisou atuar nu. Mas ela não. Ela é uma boa atriz, isso já foi comprovado, mas não conseguiu nenhum papel principal, apenas papéis eróticos. Ela chegou a conseguir um contrato como dançarina nua. Havia exigências ainda maiores, como pagar mais dinheiro aos japoneses para que pudessem vivenciar em primeira mão tudo o que lhes foi tirado na tela. —Ah, não, não é por isso mesmo — disse ela, com a pele bronzeada na penumbra, como o preto da Basílica de São Pedro. — Não me importo com o que a mídia escreve. Se me importasse, não teria durado muito. Não, sério. Eu amo a Europa. Tenho meu próprio refúgio em Paris agora, e também adoro vir a Roma. Ela estava sentada no crepúsculo — um vestido preto decotado, um colar de ébano e âmbar, sapatos pretos, uma bolsa preta. Eu sabia o que se escondia por baixo daquela aparência elegante. Como eu também tinha visto o filme, sua pele nua me parecia mais real do que a elegância serena da mulher sentada ao meu lado na sacada romana. —Não por causa do que escreveram, é claro. Aliás, muitas mulheres que não fizeram isso estão em situação pior. Houve até alguns elogios — a revista Japan Sports me chamou de corajosa. Sabe de uma coisa? Bem, eles sabem. Ela era completamente diferente do Abe Sada do filme. Ali, ela era uma criada, alegre, inocente e simples, brincando de jogos infantis com seu patrão. Agora, vestida de preto, movia-se com graça, um martini gelado entre os dedos com as unhas pintadas, virando-se para falar com alguém em francês e, em seguida, voltando-se para responder à minha pergunta anterior.

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Introdução ao filme "O Império dos Sentidos", do diretor japonês Nagisa Oshima.

—Todos os dias? Ah, eu vou às compras. Vejo filmes. Vou a cafés com amigos, coisas assim.

Ela estava sentada delicadamente na beirada da cadeira, como se não pertencesse àquele lugar, como se tivesse surgido de repente como um pássaro a caminho de algum outro lugar, como se fosse se despedaçar ao menor toque — mas, na minha memória, ela ainda era a mulher musculosa e voluptuosa de pernas bem abertas.

Cada linha parecia implorar com firmeza e polidez: "Não me toque", dizia seu corpo, cada linha uma rejeição inegável. Ela parecia aprisionada de uma forma assexuada.

Será que a verdadeira Abe Sada se tratava da mesma forma? Depois de sair do bar em Inari-cho, ela desapareceu. A Nikkatsu fez um filme pornográfico softcore baseado em sua história, que não causou nenhuma controvérsia. Mais tarde, Nagisa Oshima quis fazer sua versão, mas achou que precisaria de permissão. Após uma longa busca, ela foi encontrada em um convento em Kansai — ela havia cortado o cabelo, era devota e não apresentou nenhuma objeção.

"É fácil para as pessoas pensarem que sou uma mártir que fugiu do meu país", disse Matsuda Eiko, rindo. "Mas acreditem, não é nada disso."

A expiação não exige necessariamente cortar o cabelo; pode também ser um novo começo. Ela usava um vestido parisiense, tão preto quanto o hábito de uma freira. Ela se tornou Abe Sada à sua maneira e pagou o mesmo preço. Existem muitos tipos de conventos.

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